É importante começar pontuando que desde o começo da Idade Moderna, com as grandes navegações e a expansão marítima na Europa, as potências europeias mantinham relações com o continente africano.
No início do Século XVI, as atenções portuguesas voltaram-se para a América Portuguesa. Na tentativa de firmar a colonização, garantir a presença portuguesa e impedir invasões estrangeiras, começaram o cultivo de açúcar, dando início, em 1530, ao Ciclo da Cana-de-Açúcar.
Para alavancar esse processo, era necessário ter grandes quantidades de mão-de-obra. Mas, porque os portugueses foram buscar um enorme contingente humano em um continente distantes, ao invés de utilizar o trabalho dos nativos indígenas?
Alguns fatores influenciaram para que a escolha fosse por escravizar os africanos, principalmente. Em primeiro lugar, a forma de produção dos indígenas não era condizente com a do sistema mercantilista europeu, pois estavam acostumados a produzir apenas para o próprio consumo. Por não entender a função desse tipo de trabalho exaustivo, a mão-de-obra indígena tornou-se menos eficaz.
Enquanto isso, grande parte da população africana já trabalhava em um sistema de produção mercantilista aplicado nas ilhas e costa africanas. É importante pontuar que já existia escravidão na África antes da escravização imposta pelos europeus. Entretanto, eram práticas distintas, e a escravidão empreendida por portugueses, espanhóis, holandeses e ingleses tornou-se um intenso negócio lucrativo.
Outro fator importante que impulsionou a busca por mão-de-obra na África, foi o fato de que a Coroa não permitia a escravização dos nativos no Brasil. Isso porque, desde os primeiros anos da colônia, grande parte dos indígenas fora catequizada pelos jesuítas, que os consideravam “homens com alma”, apesar de atrasados. Os negros africanos, ao contrário, eram considerados pelos jesuítas como “homens sem alma”.
A própria Igreja Católica justificava a escravidão africana, alegando que os negros africanos sofriam de uma maldição bíblica, a expulsão de Cam e seus filhos por Noé e a determinação de que estes seriam sempre escravos dos senhores das terras. Segundo a passagem bíblica, estes servos estariam para sempre marcados pela pele. Em nenhum momento, a passagem diz que a marca era a pele negra. Entretanto, a Igreja Católica prontamente fez essa interpretação a fim de desumanizar os negros africanos e justificar as violências que sobre eles eram acometidas.
Pode-se pontuar também que, os índios, por serem nativos e conhecerem bem as terras, tinham muito mais facilidade que os africanos para fugir. Além disso, o uso do trabalho indígena não era lucrativo para a Coroa.
Enquanto isso, o tráfico atlântico tornou-se uma atividade muito rentável para a Coroa Portuguesa, por conta dos impostos cobrados aos traficantes de escravizados. Sendo assim, o translado de pessoas negras africanas se tornou um dos mais lucrativos comércios naqueles tempos.
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