Para compreender esse fenômeno, precisamos adentrar nas transformações estruturais políticas, culturais e econômicas pelas quais a Europa passava desde o fim da Idade Média.
Motivações econômicas
A passagem da Idade Média para a Idade Moderna, decorrente das crises do feudalismo, significou a transição de uma economia de subsistência para uma economia baseada nas transações comerciais.
É neste momento que o sistema capitalista ascende em sua primeira fase: o Mercantilismo. Nessa nova política econômica, o sucesso das monarquias nacionais estava atrelado à quantidade de metais preciosos que estas possuíam (metalismo). Por isso, quando passaram por um momento de escassez desses metais, as potências europeias decidiram enfrentar os mares em busca de ouro e prata.
Além disso, é também nesse período que se inaugura a ideia da chamada balança comercial favorável, que tinha como princípio o esforço para que a exportação da nação fosse sempre maior que a importação, impulsionando a busca por novos mercados de consumo.
Outro fator econômico essencial para o começo da expansão marítima foi a busca, de nações como Portugal e Espanha, pela retomada do lucrativo comércio com o Oriente. Se durante a Idade Média esse comércio pôde acontecer com mais facilidade, no século XV eram as cidades independentes de Gênova e Veneza que comandavam a navegação do mediterrâneo.
Além disso, quando, em 1453, os turcos otomanos conquistaram Constantinopla, a rota para o Oriente pela região do Golfo Pérsico também ficou inviável. A saída para os reinos europeus, acabou sendo uma empreitada marítima na busca de rotas alternativas que permitissem o comércio com as Índias sem a mediação dos italianos ou muçulmanos.
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Motivações culturais
A crise do período medieval e a transição para Idade Moderna foram também marcadas por uma profunda revolução intelectual, o chamado Renascimento Cultural.
Nesse período, a instituição da Igreja Católica passou por uma intensa crise, possibilitando as reformas religiosas protestantes e, posteriormente, a própria contra-reforma católica. Esse fenômeno provocou certas mudanças nos valores fundamentais da intelectualidade europeia moderna, que vieram a se entrelaçar com os da época feudal.
O teocentrismo (Deus no centro das explicações sobre o mundo), por exemplo, dá lugar ao antropocentrismo (o homem no centro das explicações). O surgimento do antropocentrismo incentivou a expansão marítima ao valorizar o homem como alicerce central da sociedade e, por isso, responsável por seu desenvolvimento.
Outra característica do Renascimento Cultural, o racionalismo, proporcionou o desenvolvimento da ciência e de instrumentos fundamentais para a navegação, como as caravelas de vela triangular, e o aperfeiçoamento de instrumentos de localização, como a bússola e o astrolábio.
O surgimento da cartografia foi outro fator importante, já que deu maiores precisões às medidas e orientações geográficas necessárias para o deslocamento pelo mar. Além disso, como consequência dessa crise institucional da Igreja Católica e das reformas protestantes, a Igreja perdeu um número significativo de fiéis.
Sendo assim, a expansão marítima configurou-se também a partir de uma justificativa religiosa: tornou-se necessário desbravar novos territórios a fim de catequizar populações nativas e, assim, provocar o aumento do número de fiéis. Essa missão foi atribuída aos jesuítas.
Motivação social e política
Outro fator fundamental para a realização da expansão marítima foi o fato de que, ainda na Baixa Idade Média, acontece a formação de Portugal e a formação da Espanha, importantes monarquias nacionais que centralizaram o poder no Estado.
Essas nações proporcionaram recursos humanos e financeiros suficientes para a expansão. Além disso, a ascensão da burguesia nestes reinos foi também determinante, uma vez que esse grupo social pressionou seus reis na direção da ampliação das rotas comerciais e da busca por metais preciosos.
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