A escravidão no Brasil começou ainda no Período Colonial. Milhares de pessoas foram retiradas à força dos muitos grupos étnicos dos quais faziam parte no continente africano para serem obrigadas a servir como mão-de-obra em lavouras, centros comerciais e ambientes residenciais por todo o Brasil. Essa prática que perdurou por longos anos, tornando-se uma estrutura que influenciou muito a formação do Brasil, em sua política, economia e sociedade.
Desde o princípio da escravidão, a população negra africana empreendeu várias tentativas de resistência e fuga. Eles foram sempre extremamente reprimidos, mas obtiveram sucesso em muitas ocasiões.
Exemplo disso foram os inúmeros quilombos organizados entre os escravizados fugidos que constituíram uma grande força de resistência à escravidão. Além disso, as estratégias que englobaram a manutenção de sua cultura, tradição e costumes - assim como a formação de famílias - também representaram formas de sobreviver e resistir à violência que lhes era imposta.
Quilombos no Brasil
As formações quilombolas no Brasil durante o período da escravidão configuraram-se como espaços de sociabilidade, refúgio e resistência e representavam grande perigo à ordem escravista.
Ao contrário do que possa parecer, os quilombos não eram áreas completamente isoladas das zonas coloniais e estabeleciam relações ora de negociação, ora de intensos conflitos, de acordo com a região ou época. A maior parte dos quilombos foram constantemente atacados pelos exércitos coloniais.
Quilombo dos Palmares
O quilombo mais conhecido da história do Brasil é o Quilombo dos Palmares, símbolo da resistência da população escravizada. Data-se que essa comunidade surgiu por volta de 1597, na serra da Barriga, até então parte da Capitania de Pernambuco - atualmente, parte de Alagoas. Durante os primeiros anos, o Quilombo dos Palmares foi liderado por Ganga-Zumba.
Em 1675, tropas portuguesas tentaram invadir o Quilombo dos Palmares e Zumbi, sobrinho de Ganga-Zumba, ganhou notoriedade lutando bravamente pela defesa do território de resistência.
Em 1678, Zumbi desafiou seu tio, provocou um conflito e acabou tomando o poder do quilombo, onde permaneceu líder por mais 14 anos. Zumbi dos Palmares foi o líder mais conhecido do Quilombo de Palmares.
Estima-se que, em 1678, o Quilombo dos Palmares chegou ao número de 20 mil habitantes e onze povoados bem organizados.
A Coroa portuguesa, na intenção de acabar com a resistência quilombola de Palmares, chegou a enviar 16 expedições que falharam por conta das dificuldades de locomoção na região e das estratégias da população que lá estava. Apesar da falta de armas, os resistentes do quilombo conseguiram permanecer no território durante muitos anos.
Em 1694, o bandeirante Domingos Jorge Velho e seu exército, encarregados pela Coroa portuguesa, conseguiram invadir o Quilombo dos Palmares. A população resistiu ainda durante 22 dias. Depois de intensos conflitos, Zumbi fugiu e se escondeu, até que foi encontrado, capturado e morto no dia 20 de novembro de 1695.