A literatura de informação é composta por textos em prosa que possuíam o objetivo de informar autoridades acerca de novas terras, dos povos que habitavam o local, seus costumes, e a natureza encontrada.
Eram, geralmente, cartas, relatos, diários ou tratados com forte teor descritivo, escritos por diversos tipos de autores, como religiosos, aventureiros, navegadores e historiadores. O que os une é a necessidade de descrever e relatar acerca de um novo local para pessoas que não o conheciam.
Sua função era descrever a terra, o povo nativo, a fauna e a flora. Além disso, eles tinham que identificar produtos que podiam ter interesse econômico para a Coroa, como o pau-brasil, que começou a ser explorado no Brasil Colônia.
Eles também apresentavam a terra como um lugar promissor para atrair mais colonizadores e manter a autoridade portuguesa sob o local.
O olhar do Quinhentismo ditou o que seriam símbolos da nacionalidade brasileira, como, por exemplo, o índio e a natureza magnífica brasileira.
Mais tarde, esses temas seriam amplamente utilizados no Romantismo de José de Alencar em obras como “Iracema” e “O Guarani”.
Américo Vespúcio
Um grande nome da literatura da informação é Américo Vespúcio. Ele tinha um emprego incrível: vivia em navios no oceano, viajando pelo Novo Mundo e sua função era escrever sobre os locais que encontrava.
Sabe aqueles perfis no Instagram especializados em mostrar viagens? Américo Vespúcio teria um desses, caso estivesse vivo. Como no século XV não havia internet, Vespúcio escrevia cartas, como a “Mundus Novus”. As primeiras imagens que os europeus tiveram da América foram dadas por esse autor. Um leitor de Vespúcio foi Leonardo da Vinci.
Os “descobrimentos” marítimos foram símbolos do início da Era Moderna. Portugal, por exemplo, foi um país com forte tradição nesse campo. Os portugueses foram os primeiros a chegarem no Brasil, na Índia, na China, no Japão e, segundo alguns estudiosos, na Austrália.
Os objetivos de suas expedições eram as seguintes: dominar o comércio das especiarias, colonizar e conquistar novas terras para a Coroa portuguesa e, como Portugal é um país de tradição católica, eles acreditavam que, nessas expedições, ao colonizar outros povos e impor o catolicismo, eles estariam salvando diversas almas.
Carta de Pero Vaz de Caminha
Em 1500, aqui no Brasil, algo parecido com o enredo de Avatar ocorreu: os portugueses viajaram e aportaram em um local conhecido como Porto Seguro.
Pero Vaz de Caminha, um escrivão português, era o encarregado de escrever acerca do país e informar o rei e a corte portuguesa sobre o que havia no Brasil.
A Carta de Pero Vaz de Caminha é uma das obras mais famosas do Quinhentismo e conta como foi o encontro entre os indígenas, que já habitavam o país, e os europeus.
No trecho a seguir, o escrivão descreve a aparência dos indígenas:
"Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos."
As descrições feitas por essa literatura sempre mostravam o Novo Mundo como um lugar exótico e místico, sempre descrito pelos autores por meio de comparações para que o público leitor conseguisse imaginar.
Aqui, não temos o ponto de vista dos indígenas, logo, temos apenas a visão dos fatos dos portugueses e isso pode ser dúbio, afinal, para saber o que realmente ocorreu, é importante ouvir os dois lados.
Até mesmo o uso do termo “descobrimento do Brasil” é questionado pelos teóricos, uma vez que o país foi “descoberto” do ponto de vista europeu, mas ele já tinha sido descoberto pelo povo indígena que morava aqui há muito mais tempo.
A colonização trouxe a imposição dos costumes portugueses em detrimentos dos costumes dos povos que já estavam estabelecidos. Os indígenas já não podiam mais ter sua própria religião ou falar seu idioma. Ele teria que se converter à religião católica e falar português.
Esse tipo de imposição trouxe consequências sérias, com o genocídio de um povo e a extinção de diversas línguas indígenas.