Descrição denotativa
As características do ser representado pela descrição são apresentadas de forma objetiva, impessoal e sem o uso de metáforas ou outras figuras de linguagem.
Em outras palavras, é uma descrição totalmente fiel à realidade. Seu uso é muito comum em notícias, livros didáticos e textos instrucionais.
Exemplo:
A greve dos caminhoneiros continua nesta terça-feira, 29 de maio, apesar de o presidente Michel Temer ter anunciado a adoção de cinco reivindicações importantes dos manifestantes, como o aumento no desconto por litro de diesel (de 41 centavos para 46 centavos) e o congelamento do valor por 60 dias. Apesar disso, parte dos caminhoneiros continuam mobilizados pelo nono dia, com bloqueios em rodovias de vários Estados e do Distrito Federal. As consequências da greve dos caminhoneiros vão desde hospitais com falta de medicamentos; transplantes de órgãos não realizados; supermercados desabastecidos; postos de combustíveis sem etanol, gasolina e diesel; voos cancelados; aulas da rede pública e privada suspensas; entre outros. (Greve dos caminhoneiros: as últimas notícias da crise dos combustíveis; El País)
A enumeração utilizada para descrever as consequências da greve é totalmente impessoal, comprometida com a verdade dos fatos. Portanto, constitui uma descrição objetiva.
Descrição conotativa
As características do ser em questão são apresentadas de acordo com a ótica do narrador, ou seja, é uma descrição pessoal e subjetiva, repleta de recursos figurativos e sem comprometimento com a realidade. É muito presente em textos literários, em especial na descrição psicológica de personagens.
Exemplo:
A última letra se venceu num dia de inverno. Chovia que era um deus-nos-acuda. De manhã cedinho mandei Casimiro Lopes selar o cavalo, vesti o capote e parti. Duas léguas em quatro horas. O caminho era um atoleiro sem fim. Avistei as chaminés do engenho do Mendonça e a faixa de terra que sempre foi motivo de questão entre ele e Salustiano Padilha. Agora as cercas de Bom-Sucesso iam comendo São Bernardo.
Dirigi-me à casa-grande, que parecia mais velha e mais arruinada debaixo do aguaceiro. Os muçambês não tinham sido cortados. Apeei-me e entrei, batendo os pés com força, as esporas tinindo. Luís Padilha dormia na sala principal, numa rede encardida, insensível à chuva que açoitava as janelas e às goteiras que alagavam o chão. (São Bernardo, Graciliano Ramos)
A descrição do cenário chuvoso, da fachada da casa-grande e da sala principal constituem claros exemplos de descrição subjetiva por parte do narrador-personagem, Paulo Honório.