Para produzir o tópico frasal, o autor deve primeiramente atentar-se ao projeto de texto, para que ele tenha em mente quais serão as ideias debatidas em cada parágrafo de desenvolvimento. Após essa organização, é preciso que o autor sintetize o assunto de maneira clara e objetiva, introduzindo o ponto a ser discutido no parágrafo. Resumidamente, o autor deve apresentar o assunto que será discorrido, de forma a argumentá-lo nos próximos períodos.
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A seguir, analisaremos alguns exemplos de uso do tópico frasal em redações que foram nota 1000 no Enem:
Exemplo 1: informação como valor social e o seu poder de influência
Em primeira análise, é lícito postular que a informação é um bem de valor social, o qual é responsável por modular a cosmovisão antropológica pessoal e influenciar os processos de decisão humana. Nesse raciocínio, as notícias e acontecimentos que chegam a um indivíduo exercem forte poder sobre tal, estimulando ou suprimindo sentimentos como empatia, medo e insegurança. É factual, portanto, que a capacidade de selecionar - via algoritmos - as reportagens e artigos que serão vistos por determinado público constitui ameaça à liberdade de pensamento crítico (...).
Neste primeiro exemplo, podemos visualizar o tópico frasal destacado. O autor do texto antes de começar a desenvolver seus argumentos anuncia a ideia a ser desenvolvida. Ao lermos as primeiras linhas do parágrafo já nos damos conta de que o assunto a ser debatido será sobre a informação como valor social e o seu poder de influência. Deixando mais claro para o leitor e mais estruturado e organizado para o autor.
Exemplo 2: filtragem de dados nas plataformas digitais como oportunidade para a publicidade
Nesse contexto, as plataformas digitais, associadas aos algoritmos de filtragem de dados, proporcionaram um terreno fértil para a evolução dos anúncios publicitários. Isso ocorre porque, ao selecionar os interesses de consumo do internauta, baseado em publicações feitas por este, o sistema reorganiza as informações que chegam até ele, de modo a priorizar os anúncios complacentes ao gosto do usuário. Nesse viés, há uma pretensa sensação de liberdade de escolha, teorizada pela Escola de Frankfurt, já que todos os dados adquiridos estão sujeitos à coerção econômica. Dessa forma, há um bombardeio de propagandas que influenciam os hábitos de consumo de quem é atingido, visto que, na maioria das vezes, resultam na aquisição do produto anunciado.
Já neste exemplo, podemos observar que segue a mesma lógica, a autora introduz o assunto do parágrafo e deixa explícito a ideia a ser desenvolvida e argumentada. Sabemos já de início do que se trata o parágrafo.
Exemplo 3: o controle de dados pela internet na pós-modernidade
Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo pós-estruturalista Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado de múltiplas identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão em constante interação, o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações, comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a tentativa de tais algoritmos de criar universos culturais adequados a um gosto de seu usuário criam uma falsa sensação de livre arbítrio e tolhe os múltiplos interesses e identidades que um sujeito poderia assumir.
O mesmo ocorre no exemplo 3, em que a autora sintetiza sua ideia antes de começar a argumentá-la. Deixando o parágrafo mais fluído, facilitando a interpretação e a linha de raciocínio do leitor.