Colesterol alto em crianças: como identificar?
Colesterol alto em crianças pode trazer riscos futuros à saúde. Saiba as causas, sintomas e como prevenir segundo especialistas.
Se você acredita que colesterol é um problema apenas de adultos, está enganado(a)! O colesterol alto em crianças e adolescentes tem se tornado um problema cada vez mais recorrente, devido ao atual estilo de vida.
Muitos pequenos passam mais tempo em frente às telas do que brincando ao ar livre. Além disso, o consumo de alimentos ultraprocessados também piora esse quadro, elevando os índices de gordura no sangue dos mais novos.
A obesidade e sedentarismo estão relacionados ao colesterol alto em crianças. Todavia, fatores hereditários também podem comprometer as taxas de colesterol mesmo nos primeiros anos de vida.
O que é colesterol HDL em crianças?
O colesterol HDL é popularmente conhecido como “colesterol bom”. Ele é uma lipoproteína que ajuda a remover o excesso do “colesterol ruim” (LDL) no sangue.
Em adultos, por exemplo, quanto mais alto o nível de HDL, menor o risco de doenças cardíacas. E esse fato também se aplica aos pequenos, tendo em vista que o colesterol alto em crianças é um problema que, geralmente, se manifesta apenas no futuro dela.
O HDL é responsável por evitar que exista um acúmulo de gordura no sangue, causado pelo colesterol LDL. Ele é quem protege as coronárias e os vasos sanguíneos.
Quando o colesterol infantil é preocupante?
Segundo Isabel Cristina Guimarães, presidente do Departamento de Cardiologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), é importante considerarmos os valores da tabela de colesterol infantil.
O colesterol total das crianças e adolescentes (entre 2 a 18 anos) deve estar abaixo de 150 mg/dl. O valor limite é entre 150 e 170 mg/dl. Acima dessa quantidade, é considerado um quadro de colesterol alto em crianças.
Ao considerar apenas as taxas de LDL, o ideal é que elas estejam menores do que 110 mg/dl. Já o HDL, quando está muito baixo, também é preocupante. Para o HDL, o ideal é que esteja acima de 45 mg/dl.
Em resumo, a tabela de colesterol infantil é:
- Colesterol total: desejável menor que 100 mg/dl, limítrofe de 100 a 129 mg/dl e elevado maior ou igual a 130 mg/dl;
- Colesterol LDL: desejável menor que 100 mg/dl, limítrofe de 100 a 129 mg/dl e elevado maior ou igual a 130 mg/dl;
- Colesterol HDL: desejável maior que 45 mg/d.
O que causa colesterol alto em crianças?
São inúmeros os fatores que podem causar colesterol alto em crianças. Mas, os principais são:
- Fatores genéticos;
- Obesidade;
- Diabetes;
- Problemas renais;
- Hipotireoidismo;
- Doenças reumáticas;
- Doenças hepáticas;
- Problemas metabólicos;
- Alimentação inadequada;
- Sedentarismo.
“A partir dos 10 anos de idade, toda criança deve ter o colesterol dosado”, explica Isabel Guimarães, ressaltando que quando há casos na família, é importante que o exame seja coletado antecipadamente.
O que o colesterol alto pode causar no corpo de uma criança?
O colesterol alto em crianças apenas apresenta sintomas quando está muito elevado. Todavia, a concentração de gordura no organismo dos pequenos não descarta problemas graves.
O pediatra Felipe Lora, do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo, explica que as taxas altas podem fazer com que as crianças apresentem gordura no fígado e xantoma, ou seja, acúmulo de gordura na pele.
“A nossa preocupação é que a doença se manifeste no longo prazo, por meio de problemas como infarto e derrame” — Felipe Lora, pediatra.
O depósito de gordura nas paredes das artérias pode ocorrer durante anos, manifestando-se somente na fase adulta da vida, tais como:
- Pressão alta;
- Diabetes;
- Aumento no risco de infarto (a médio ou longo prazo, como na vida adulta);
- Aumento no risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC), podendo também ser desencadeado apenas na vida adulta.
É imprescindível que o pediatra responsável esteja atento ao nível de gordura no sangue da criança, para antecipar qualquer tipo de tratamento e corrigir as alterações.
O que fazer quando a criança está com o colesterol alto?
Para evitar o colesterol alto em crianças, é importante prezar por hábitos saudáveis, desde uma alimentação balanceada até um acompanhamento médico recorrente. O médico Felipe Lora ressalta também que:
“O exercício físico é o principal tratamento para aumentar as taxas de HDL, o colesterol bom” — Felipe Lora, pediatra.
Então, caso os exames já tenham mostrado resultados não tão bons e o pediatra tenha confirmado a situação, opte por fazer as seguintes mudanças na rotina:
- Reduza o consumo de gorduras, açúcares e carboidratos simples. Por exemplo: fast food, alimentos prontos, sucos industrializados e refrigerantes;
- Aumente o consumo de fibras e alimentos integrais, como frutas e legumes frescos;
- Opte por leite e iogurte desnatados;
- Escolha queijos com baixo teor de gordura;
- Inclua mais carnes magras (frango, peru, peixe e carne bovina magra) nas refeições mais importantes, como almoço e jantar;
- Substitua a manteiga por margarina e óleos vegetais. A dica é usá-los em embalagens de spray, para não haver exagero na hora de cozinhar;
- Faça exames periódicos na criança, para acompanhar as taxas de colesterol e triglicerídeos;
- Mantenha o pediatra sempre atualizado, tanto das mudanças na rotina quanto dos resultados de exames.
Com que frequência devo fazer exame de colesterol no meu filho?
O exame de sangue para verificar o colesterol alto em crianças é indicado a partir dos 10 anos. Porém, como explicado anteriormente, crianças obesas ou que os pais têm problemas relacionados ao tema, devem fazer o check-up antes dessa idade.
Geralmente, a análise pode ser feita a cada cinco anos para aqueles que não tem pré-disposição genética ou obesidade. Já para os pequenos que se enquadram nessas duas condições, é importante realizar o exame anualmente.