Nessa divisão estamental, o Primeiro e o Segundo Estados eram isentos de impostos, e a grande responsabilidade em custear as camadas privilegiadas recaía sobre o Terceiro Estado.
Apesar de arcar com os impostos, este grupo social não possuía representação política, o que gerava grande insatisfação entre os setores que o compunham, principalmente a burguesia. No caso dos camponeses, ainda persistiam relações feudais de exploração sobre o uso da terra.
A situação vinha se agravando em virtude da crise econômica que atingia o Estado francês, muito em razão das guerras nas quais a França havia se envolvido nos anos anteriores, impondo uma série de dívidas ao regime do monarca Luís XVI. Os custos para arcar com os privilégios do Primeiro e Segundo Estados geravam ainda mais insatisfação popular.
Em 1788, a situação social se tornou incontornável. A inflação havia aumentado muito e grande parte da população não conseguia sequer comprar comida. Em razão da gravidade da crise, o rei convocou a Assembleia dos Estados Gerais pela primeira vez desde 1614.
Embora contassem com a minoria de representantes na Assembleia Geral, o Primeiro e o Segundo Estados esperavam impor um novo aumento de impostos como solução para a crise econômica, por meio de uma votação que se desse com um voto por Estado, independentemente da quantidade de membros presentes. O Terceiro Estado não aceitou esta proposta de votação e o agravamento da crise culminou nos acontecimentos da Revolução Francesa.
Em junho de 1789, os deputados do Terceiro Estado se declararam em Assembleia Nacional, ou seja, representantes de toda a nação, constituindo um poder independente do rei. A reação da nobreza gerou o agravamento do conflito. Seu ponto de inflexão se deu em 14 de julho daquele ano, com o episódio da tomada da Bastilha – uma prisão utilizada para encarcerar os inimigos da Coroa Francesa, símbolo do despotismo característico do Antigo Regime – pelos revolucionários. Esta data é comemorada até hoje na França como marco da Revolução.
Tomada da Bastilha
Durante o processo que durou dez anos, os acontecimentos que se desenvolveram a partir da queda da Bastilha são divididos em três períodos principais, que indicam as disputas entre as forças sociais que lideraram a Revolução Francesa. São eles:
1. Assembleia Nacional Constituinte e Monarquia Constitucional (1789-1792)
Em razão da revolta popular, o rei reconheceu o poder da Assembleia Nacional, que eliminou os privilégios feudais sobre a posse da terra e aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Baseada nos princípios do Iluminismo, a Declaração estabelecia a igualdade jurídica entre os cidadãos e acabava com os estamentos.
A Igreja foi separada do Estado, os poderes foram descentralizados e o poder do rei passou a ser controlado pela Constituição. A representação política foi expandida, embora com limitações, pois previa o voto censitário (exclusivo aos proprietários) e sem a participação das mulheres.
🎯 Simulador de Notas de Corte Enem: Descubra em quais faculdades você pode entrar pelo Sisu, Prouni ou Fies 🎯
2. Convenção Nacional Jacobina (Terror) (1792-1794);
Após a crise desencadeada pela tentativa de fuga do rei, a Assembleia Nacional proclamou a República em 22 de setembro de 1792, passando a ser denominada de Convenção e eliminando o voto censitário. Neste período, os jacobinos, grupo liderado por Robespierre, ganharam força entre a sociedade francesa.
Os jacobinos se apoiavam principalmente nos sans-culotte, basicamente trabalhadores urbanos, pequenos comerciantes e desempregados, com a plataforma de ampliação dos princípios de 1789 e de controle de preços sobre os alimentos. Essa fase da Revolução foi notabilizada por intensas perseguições políticas aos adversários dos jacobinos, em especial aos girondinos (grupo moderado e ligado à alta burguesia), e em razão disso ficou conhecida como Terror.
3. Diretório (1794-1799)
A perseguição promovida por Robespierre provocou reações e, em julho de 1794, com o apoio de setores dissidentes, os girondinos reconquistaram o poder e condenaram o líder jacobino à morte na guilhotina. Uma nova Constituição foi elaborada em 1795, adotando novamente o voto censitário, e a Convenção Nacional foi substituída pelo Conselho dos Anciãos e pelo Conselho dos Quinhentos. Estes dois órgãos do poder legislativo eram responsáveis por eleger cinco pessoas para ocupar o Diretório, responsável pelo poder executivo.
Nesta fase da Revolução, o Diretório tomou medidas para se distanciar tanto dos restauradores monárquicos quanto dos revolucionários que ainda existiam, sem, contudo, pôr fim à política do Terror – mas, desta vez, os alvos do Terror Branco foram os jacobinos.
Com as dificuldades econômicas e os conflitos ocorridos neste período, incluindo as guerras contra as monarquias vizinhas, os girondinos tiveram dificuldade para manter o apoio popular.
Nesse momento, ganhava prestígio na sociedade francesa o jovem general Napoleão Bonaparte, que havia liderado vitórias militares nos últimos anos. Parte da burguesia, procurando legitimar seu controle, apoiaria o golpe que alçou Napoleão ao poder e daria início a um novo período da história da França.
📝 Você quer garantir sua nota mil na Redação do Enem? Baixe gratuitamente o Guia Completo sobre a Redação do Enem! 📝