Na literatura, o movimento que se alinhou aos ideais neoclassicistas é chamado de Arcadismo. Esse estilo literário, também conhecido por Setecentismo ou Neoclassicismo, seguiu os mesmos padrões estéticos da época, valorizando a simplicidade e clareza, e se opondo à linguagem rebuscada e prolixa do Barroco.
É um movimento que retrata referências mitológicas greco-romanas, a vida bucólica, o cotidiano simples e as belezas da natureza, por meio de uma linguagem clara, sintética e gramaticalmente correta. Os escritores árcades costumavam se opor à vida caótica dos centros urbanos, aspirando ao equilíbrio, à racionalidade e à vida no campo.
Conceitos do Arcadismo
Alguns preceitos do latim inspiravam os autores árcades em suas produções literárias, tais quais:
- Inutilia Truncat: representa a necessidade de “tirar o inútil” da poesia, que pode se associar à oposição ao rebuscamento formal do Barroco;
- Fugere Urbem: esse preceito situa a fuga da urbanidade como meta a ser alcançada;
- Locus Amoenus: sugere que a vida no campo (local ameno) é o ideal para o homem;
- Carpe Diem: simboliza a necessidade de aproveitar o momento presente, sem se preocupar com o passado ou futuro;
- Aurea Mediocritas: apresenta a felicidade verdadeira como fruto de uma vida mediana e tranquila, não devendo ser associada à conquista de posses e riquezas.
Características do Arcadismo
Entre as principais características do Arcadismo, podemos citar:
- Forma de escrita simplificada, clara e gramaticalmente correta;
- Valorização da humildade e espontaneidade de sentimentos;
- Bucolismo e pastoralismo (valorização da vida tranquila e simples, nos cenários do campo);
- Escrita em tom confessional;
- Valorização da pureza, beleza e ingenuidade;
- Oposição ao rebuscamento barroco;
- Temas da mitologia, do cotidiano e da natureza.
Exemplos de obras arcadistas
Alguns autores que se destacam no Arcadismo brasileiro e português são Manuel Maria Barbosa du Bocage, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Santa Rita Durão e Basílio da Gama.
Veja abaixo um pequeno trecho de Tomás Antônio Gonzaga, que denota a referência à mitologia greco-romana, a simplicidade na escrita e a espontaneidade dos sentimentos:
Lira II
“(…)
Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.”
Outro exemplo é o soneto a seguir, de Bocage, que também evidencia as referências mitológicas, bem como revela a forte valorização da natureza:
Nada se Pode Comparar Contigo
"O ledo passarinho, que gorjeia
Dalma exprimindo a cândida ternura;
O rio transparente, que murmura,
E por entre pedrinhas serpenteia;
O Sol, que o céu diáfano passeia,
A Lua, que lhe deve a formosura,
O sorriso da Aurora, alegre e pura,
A rosa, que entre os Zéfiros ondeia;
A serena, amorosa Primavera,
O doce autor das glórias que consigo,
A Deusa das paixões e de Citera;
Quanto digo, meu bem, quanto não digo,
Tudo em tua presença degenera.
Nada se pode comparar contigo."
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