Nascido em Portugal em 1888, Fernando Pessoa ficou muito conhecido mundo afora por sua poesia, sendo considerado um dos maiores poetas do modernismo da língua portuguesa. Além disso, ele é conhecido pelos seus famosos heterônimos, sendo Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro os três principais, embora ele tenha tido outros ao longo da vida. Famoso pelas poesias, Pessoa também se aventurou em outros gêneros textuais, entre eles, o dramático, o qual vamos falar hoje no resumo do livro ‘O Marinheiro’.
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O livro “O Marinheiro” é um texto dramático, ou seja, ele é feito intencionalmente para ser encenado em uma peça ou composição teatral, por isso é um drama. Para descobrir se um texto é dramático ou não, é necessário entender a estrutura do seu texto. Confira:
Estrutura do texto dramático:
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A peça ‘O Marinheiro’, com publicação datada em 1913, foi publicada na primeira edição da Revista Orpheu, considerada o marco inicial do Modernismo em Portugal, em 1915. Logo na abertura do livro, Fernando Pessoa chama a obra de ‘drama estático em um quadro’, ou seja, essa é uma peça em ato único e não há ações das personagens como andar e passear, o foco está nas falas e reflexões das mesmas.
O livro se inicia com a apresentação do cenário: um quarto de um castelo antigo no qual há uma jovem donzela vestida de branco morta sendo velada por três mulheres irmãs, que são chamadas de ‘as três veladoras’. As personagens não possuem nome, sendo chamadas apenas de primeira, segunda e terceira veladora. Entre as três, a segunda veladora é quem tem mais voz.
A história se inicia com as três irmãs sentadas em cadeiras no quarto, que não tem relógio e faz parecer que o tempo demora mais a passar, para ajudar a passar o clima melancólico do velório da jovem, que se arrasta por toda a madrugada, a primeira veladora propõe que as três comecem a contar histórias do passado.
SEGUNDA — Não sei... Mas assim, sem o relógio, tudo é mais afastado e misterioso. A noite pertence mais a si própria... Quem sabe se nós poderíamos falar assim se soubéssemos a hora que é?
A segunda, então, questiona: ‘Será que nós chegamos a ter um passado de fato?’, e assim se dá início às reflexões das irmãs. A segunda veladora começa, então, a contar a história de um marinheiro que naufragou e foi parar em uma ilha, ficando isolado por muito tempo. Precisando recorrer a alguma coisa para passar o tempo, ele se entrega aos próprios pensamentos. Sozinho na ilha, o marinheiro refletia sobre a vida e tudo ao seu redor: as estrelas, areias, lugares que ele já foi e os que ele ainda não tivera a oportunidade de conhecer.
Enquanto a segunda veladora segue narrando os devaneios do marinheiro, uma das irmãs para e pergunta: “Afinal, como a história acaba?”, a segunda então diz: “Não sei como acaba”. Desta forma, a obra mostra como o importante não é pensar sobre início, meio e fim das coisas, mas sim na metáfora e a importância da imaginação. Afinal, se você não pode conhecer outros lugares efetivamente estando lá, você pode imaginá-los, assim como o marinho fez durante o seu isolamento.
A peça é de reflexão, um ensaio a respeito da necessidade de se refletir e pensar na vida. A história do marinheiro é uma metáfora da situação das três veladoras, já que a história faz o tempo do velório passar enquanto elas estão ali em frente ao corpo da jovem donzela.
Ao final da história, quando o dia aparece, as irmãs entram em um processo de reflexão profundo sobre o início, meio e fim da vida, causando angústias e vidas sobre a vida como um todo.
PRIMEIRA – [...] Quando virá o dia?
TERCEIRA – Que importa? Ele vem sempre da mesma maneira... sempre, sempre, sempre..
A obra é composta por cinco personagens, sendo eles: a donzela de branco, a primeira veladora, a segunda veladora, a terceira veladora e o marinheiro.
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A respeito do caráter trágico e dramático de sua obra ‘O marinheiro’, Fernando Pessoa afirmou:
"Começando de uma forma muito simples, o drama evolui gradualmente para um cume terrível de terror e de dúvida, até que estes absorvem em si três almas que falam e a atmosfera da sala e a verdadeira potência do dia que está para nascer. O fim desta peça contém o mais sutil terror intelectual jamais visto. Uma cortina de chumbo tomba para quando elas não têm mais nada a dizer umas às outras nem mais nenhuma razão para falar. "
(SEABRA, José Augusto. Fernando Pessoa ou o Poetodrama. São Paulo: Perspectiva, 1991. p. 31).
Do ponto de vista físico, a “cortina de chumbo” mencionada na peça de Pessoa ocorre quando as personagens: