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Etnocentrismo

Sociologia - Manual do Enem
Natália Cruz Publicado por Natália Cruz
 -  Última atualização: 27/9/2022

Introdução

Muitas vezes, o julgamento que fazemos das outras pessoas se baseia nas nossas próprias crenças e experiências. E assim também acontece num aspecto maior: uma cultura pode enxergar a outra a partir da própria visão. Esse fenômeno é chamado de Etnocentrismo e, ao longo da história, é possível encontrar muitos exemplos disso.

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Índice

O que é Etnocentrismo?

etnocentrismo é um conceito vindo da antropologia, que pode ser definido como as maneiras pelas quais uma cultura ou etnia tem de enxergar outras, a partir de  uma visão própria. Por exemplo, uma determinada sociedade ou etnia, enxergajulga e categoriza outras a partir de elementos sociais, culturais, religiosos e econômicos próprios

A visão etnocêntrica é aquela em que os grupos sociais enxergam o mundo com base em suas próprias práticas culturais e crenças e desconsideram ou inferiorizam as crenças e culturas das sociedades observadas. Por isso, o observador de outra cultura ou sociedade, no geral, pode não reconhecer a alteridade do grupo observado.

Manifestação cultural indiana - garota dançando

Qual a relação entre Etnocentrismo e Relativismo

Relativismo cultural é um conceito também vindo da antropologia que busca observar e entender outras culturas a partir do afastamento do etnocentrismo. No relativismo cultural, os antropólogos e estudiosos buscam, ao observar sociedades,  não usar comparações, sendo assim, afastam-se dos critérios de superioridade e inferioridade de uma sociedade em relação a outra.

Sob a análise relativista, a singularidade e os códigos de cada grupo social e manifestações culturais, servem como parâmetro para a análise, sem que haja julgamento de uma cultura a partir dos conceitos e ideologias  do outro observador ou pesquisador. No processo de observação de outras culturas, é necessário que o antropólogo ou outros pesquisadores abandonem seus juízos de valores e códigos culturais para evitar que  façam análises a partir da comparação.

No desenvolvimento da antropologia, o relativismo cultural foi importante para afastar as comparações e análises que partiam  do eurocentrismo e do etnocentrismo. Tais perspectivas foram usadas desde antes do período da expansão marítima comercial, principalmente pelos europeus, que afirmavam que a cultura e organização social e política europeias eram superiores a de outras sociedades, que eram, a partir desse ponto de vista, consideradas atrasadas e inferiores.

O relativismo cultural tem origem nos estudos do Antropólogo teuto americano Franz Boas, que foi um dos pioneiros na antropologia. Ele organizava e julgava as culturas a partir de elementos hierarquizantes. Embora tenha pensado no conceito, o termo relativismo cultural, nunca foi empregado por Boas, o nome foi dado postumamente, para definir as ideias do antropólogo.

A aplicação dos conceitos de relativismo cultural, mudaram a maneira como os pesquisadores analisavam as sociedades e as relações de dominância. Boas, usou as ideias na observação de sociedades esquimós e concluiu que elementos europeus não serviriam para explicar as práticas realizadas pelas sociedades que estudava, o mesmo aconteceu nos estudos da antropóloga estadunidense Margaret Mead, ao estudar as culturas da Nova Guiné. No Brasil, o antropólogo francês Claude Lévi- Strauss aplicou o relativismo cultural ao observar as tribos indígenas brasileiras e desenvolveu importantes contribuições para a teoria estruturalista.

Qual a relação entre Etnocentrismo e Colonialismo?

Entre os séculos XV e XVII, período das grandes navegações e achamento do continente americano e do Brasil, a conquista e colonização, foram culturalmente fundamentadas em bases etnocêntricas. Os relatos dos viajantes e a carta de Pero Vaz de Caminha enviada ao rei estabelece a cultura europeia como superior e a indígena, inferior e atrasada.

 Também através de uma carta, o historiador e cronista português Pero de Magalhães Gândavo, escreveu ao rei de Portugal que por não terem nem , nem lei, nem rei, os povos nativos viviam desordenadamente.

O modelo de vida tribal, a falta de rígidas estruturas estatais e religiosas, a visão eurocêntrica e de superioridade cultural, marcaram o processo de colonização do Brasil e de outras áreas da América. Do ponto de vista dos europeus, cabia a eles a tarefa de levar a superioridade cultural europeia para os territórios conquistados, minimizando assim o que consideravam ser atraso e a inferioridade cultural das populações nativas.

Embora o período colonial tenha terminado em 1822 com a Independência do Brasil, a visão etnocêntrica não se desfez. Atualmente, grupos sociais ainda se consideram superiores e mais desenvolvidos do que outros. Homens brancos, em uma escala hierárquica, muitas vezes ainda se consideram melhores do que negros e indígenas. A visão etnocêntrica além de promover distinção racial e exclusão social,  ainda pode pontuar diferenças entre regiões geográficas, bairros ou outros locais de convívio. 

Caravela portuguesa
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Qual a relação entre Etnocentrismo e Racismo?

O ponto de vista etnocêntrico de um grupo em relação ao outro, pode inclusive, fomentar práticas e atitudes racistas ou que firam os direitos humanos, pois a partir do momento que um grupo se considera superior ao outro, poderá agir para promover o processo de aculturação ou destruição daquela sociedade ou grupo que considera inferior.

Qual a relação entre Etnocentrismo e Xenofobia?

O etnocentrismo pode também colaborar com a xenofobia, que significa o medo ou aversão ao estrangeiro. A partir do momento que uma sociedade ou grupo social se considera superior ao outro, poderá estimular entre seus seres sociais atitudes xenofóbicas repudiando, até violentamente, práticas e manifestações culturais de outros grupos.

Como é o Etnocentrismo no Brasil e no mundo?

No Brasil, é possível apontar ainda nos dias de hoje, ações e práticas discriminatórias baseadas no ponto de vista etnocêntrico e herdados da ideia  superioridade que os europeus acreditavam ter em relação aos povos nativos e aos negros. Além da questão racial, que culmina em práticas racistas, é possível observar também a visão etnocêntrica usada para explicar a superioridade de regiões do Brasil em relação a outras.

No mundo, um exemplo marcante de etnocentrismo aconteceu durante a 2ª Guerra Mundial, quando o governo nazista de Adolf Hitler afirmou que a raça ariana seria superior a todas as outras. Por esse motivo, judeus e outros grupos minoritários como negros, ciganos e homossexuais deveriam ser perseguidos e eliminados.

O etnocentrismo, pode portanto, extrapolar somente a percepção de superioridade e, dependendo da forma como é utilizado, pode colocar em risco grupos sociais e práticas culturais, promovendo, inclusive, a destruição de culturas e de seres humanos.

Campo de Concentração Auschwitz-Birkenau
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Exercício de fixação
Passo 1 de 4
ENEM 2016

TEXTO I 

Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro. 

SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).

TEXTO II 

Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas. 

SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.

Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladoras da: 

A concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado.
B percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias.
C compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.
D transposição direta das categorias originadas no imaginário medieval.
E visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.
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